domingo, maio 23, 2010

Professor condenado por injúria.

Em Santarém, um professor de Música foi condenado a pagar uma multa de mil euros (mais custas processuais) por ter injuriado um aluno: o docente usou a expressão "entra lá, ó preto", quando um aluno de 12 anos pediu autorização para entrar na sala de aula.

Podem ler a notícia aqui.

É uma expressão lamentável, e indefensável.

Mas este caso fez-me pensar um pouco sobre a palavra "preto"...
Ninguém deve ser condenado por causa de palavras (desde que o objectivo dessas palavras não seja ofender, ou sejam difamatórias). O problema com a palavra "preto" é que muita gente de etnia africana sente (na maioria das vezes justamente) que esta palavra vem acompanhada de ódio, e é lançada com o intuito de ofender. Numa outra sociedade o seu uso pode não ser ofensivo, mas na nossa é-o, e é bem sabido que o seu uso ofende muita gente. Quem quer ofender, usa-a, e por isso a palavra torna-se "proibida"¹ mesmo para quem gostava de a usar sem o intuito de ofender. Não acho que isso seja certo, mas enquanto houver pessoas dispostas a atitudes racistas, não posso culpar aqueles que se sentem ofendidos!
O professor quis ofender o aluno², e acho bem que tenha sido condenado.

Por outro lado, esta história trouxe-me à memória uma outra recente, que também envolvia professores de música (mais precisamente, a professora Bruna Real). Quer dizer, quando alguém decide posar nu para uma revista perde o emprego; quando alguém ofende e humilha um aluno em público, paga mil euros e continua com a sua vida normal!

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¹ Proibida quando usada num discurso dirigido a indivíduos de etnia africana.
² Mesmo sem contar com a conotação negativa da palavra "preto", a expressão que ele utilizou é usada para ofender (podia ter dito "entra lá, ó cebola", que seria também ofensivo).

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