Mostrar mensagens com a etiqueta ética. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ética. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, abril 02, 2015

Lógica homofóbica

Às vezes preocupo-me sobre o estado do país (e do mundo em geral), ao perceber a incompetência e falta de destreza no uso da lógica com que pessoas em cargos de poder lidam com algumas das questões mais importantes para o futuro da sociedade. Segue a descrição de um desses casos.



Nos Estados Unidos da América, no estado do Kentucky é ainda proibido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A lei está a ser contestada, mas o governador do Kentucky, Steve Beshear, e a sua administração, estão determinados a defender a proibição. Numa resposta dada ao Supremo Tribunal de Justiça, o governador diz: "As leis sobre o casamento existentes no Kentucky tratam homossexuais e heterossexuais da mesma forma, e são neutras. Homens e mulheres, sejam hetero ou homossexuais, são livres para se casarem com pessoas do sexo oposto sob as leis do Kentucky, e homens e mulheres, sejam heterossexuais ou homossexuais, não se podem casar com pessoas do mesmo sexo sob as leis do Kentucky."

Imaginem que a discussão era sobre uma lei que proibia a frequência de sinagogas. Então, o mesmo argumento ficaria: "As leis sobre [sinagogas] existentes no Kentucky tratam [judeus] e [católicos] da mesma forma, e são neutras. Homens e mulheres, sejam [judeus] ou [católicos], são livres para [frequentarem uma igreja] sob as leis do Kentucky, e homens e mulheres, sejam [judeus] ou [católicos], não podem [frequentar sinagogas] sob as leis do Kentucky."

O ponto fulcral da questão é que é apenas do interesse dos judeus poderem frequentar as suas sinagogas, tal como é apenas apenas do interesse dos homossexuais casarem-se com pessoas do mesmo sexo. Ao negarem-se a ter em consideração os interesses dos homossexuais, estão a descrimina-los, numa atitude homofóbica.

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Compaixão na carne kosher e halal

Há um ano atrás a Dinamarca baniu a comida kosher e halal por questões relacionadas com o bem estar dos animais: para que a carne de um animal seja considerada kosher ou halal o animal deve estar consciente quando é abatido. A medida foi condenada pela população judaica e islâmica como sendo anti-semítica e islamofóbica, e rapidamente surgiram artigos em defesa dos métodos de morte usados nos matadouros kosher e halal. Num desses artigos pode ler-se: "a compaixão e o bem-estar dos animais são centrais a todo o processo" e "a velocidade e precisão da incisão assegura [a] perda imediata de consciência".

No mês passado o jornal The Telegraph publicou um vídeo gravado pelo grupo Animal Aid, com câmaras escondidas, onde se mostra um desses matadouro e onde se pode ver toda a "compaixão" com a qual os animais são tratados. O vídeo mostra animais a serem aterrorizados, a serem degolados não com um corte "veloz e preciso", mas sim com várias tentativas de corte (cinco num dos casos). Segundo Kate Fowler, da Aniaml Aid, é um dos vídeo com abusos "mais extremos" dos que a organização capturou.

A Halal Food Authority condenou a prática como sendo não representativa dos matadouros halal, e como sendo contrária à lei islâmica. Por outro lado, embora a percentagem de animais mortos em matadouros halal sem atordoamento seja de 20%, este número tem vindo a crescer devido a campanhas feitas por grupos islâmicos.