quarta-feira, março 31, 2010

Mais do mesmo...

A igreja católica, a qual muitas pessoas pensam ser a base dos seus valores morais, defende que um pedófilo, se for padre, deve ser protegido e todas as provas do crime por este cometido devem ser mantidas em segrego, sob a pena de excomunhão para quem não o faça. Isto porque, mais importante do que, em nome da vitima, ser feita justiça, nos tribunais civis, está o juramento de proteger a instituição a que pertencem, a igreja, de qualquer escândalo.
A homossexualidade não é considerada pecado… a não ser que os homossexuais a pratiquem, a homossexualidade não é pecado, mas as práticas homossexuais são. Logo, casar também não é permitido entre pessoas do mesmo sexo, nem pela igreja nem pelo civil, porque casar tem por fim a procriação e, como sabemos, duas pessoas do mesmo sexo não o podem fazer, aliás, não podem fazer sexo sequer, é pecado. Isto porque… Deus disse? Mas que Deus preconceituoso e homofóbico.

Com base em crenças ultrapassadas de que, como diz a musica do filme “The meaning of life”, dos Monty Python: “todo o esperma é sagrado, todo o esperma é bom. Se o esperma for desperdiçado, Deus fica muito irritado”, a Igreja afirma que o uso do preservativo vai contra a vontade de Deus, já que só para procriação deve ser empregado. E com base nesse dogma acham-se no direito de ter atitudes de uma grande irresponsabilidade e desprezo pela vida humana. Uma vez que em Março de 2009 enviaram a sua autoridade máxima, o Papa, a África, o continente onde mais cresce a igreja católica, logo onde a sua influência sobre as pessoas é muito grande, dizer que: "Não se resolve o problema da sida com a distribuição de preservativos. Pelo contrário, o seu uso agrava o problema."
Isto quando se sabe que na África subsariana o número de infectados com o vírus ultrapassa os 20 milhões, e que nesse continente se encontram mais de dois terços (67%) dos 32,9 milhões de infectados com VIH, e onde, em 2007, aconteceram três quartos das mortes devido a esta doença. Em África trabalham diariamente inúmeras organizações não governamentais no combate conta a sida, tentando mostrar o que é, e para que serve o preservativo, com campanhas de distribuição deste pedacinho de látex que salva vidas.
Uma instituição que tem por base moral dogmas que se sobrepõem às vidas humanas não pode ser entendida como autoridade moral para julgar e gerir comportamentos individuais, leis, ou ciência.
De certo que grande parte dos cristãos não concorda com a igreja nestes aspectos, talvez tenham a sua própria opinião sobre estes assuntos. Parece-me então que os crentes que conheço, e o Vaticano, não adoram o mesmo Deus. Independentemente de este Deus existir ou não, não é este Deus que eu quero para mim.

1 comentário:

Filipe Ramos disse...

Dizer que a melhor solução para controlar a SIDA é a abstinência sexual, é a mesma coisa que dizer que a melhor maneira de evitar ser atropelado é não sair de casa. Ambas as afirmações são verdadeiras, e ambas são irrealistas.
Mas a abstinência não resolve completamente o problema: se duas pessoas forem casadas (pela igreja) não têm de a praticar, mas estão sempre proibidas de usar preservativo. Pode então acontecer, por exemplo, que a esposa contraia o VIH (por exemplo, num erro hospitalar), implicando isso que, ou se tornam ambos celibatários (opção irrealista), ou o marido vai acabar por se tornar também seropositivo, e a esposa vai ter de viver com a culpa de ter infectado (ou mesmo morto) o seu companheiro.

Quanto aos casos de pedofilia, estão agora a começar a vir ao de cima, e a Igreja não está a gostar nada de se ver exposta, e isso vê-se na maneira como alguns padres e bispos portugueses se referem ao assunto nos jornais: em vez de mostrar repúdio pelos factos (que acredito sentirem), e solidariedade para com as vítimas (que também acredito que sintam), só sabem criticar a comunicação social por dar mais atenção aos casos dentro da Igreja do que àqueles em outras instituições... Mesmo que isso seja verdade, não é surpreendente: é supostamente à Igreja que os católicos vão buscar o melhor exemplo de conduta. Mas por favor, critiquem os media se quiserem, mas depois critiquem as acções dos vossos colegas criminosos, e critiquem o Crimen Sollicitationis por não obrigar a apresentação de uma queixa-crime contra os pedófilos nos tribunais civis, permitindo que estes continuem, de paróquia em paróquia, a abusar de crianças inocentes.