quinta-feira, abril 09, 2009

"A lista de Shindler"

É uma das obras-primas de Steven Spielberg, inspirada no livro de Thomas Keneally (Shindlers’s Ark), com Liam Neeson, Ben Kingsley e Ralph Fiennes nos principais papéis.
O filme conta a história de Oscar Shindler, empresário alemão, membro do partido Nazi, descrito como um cínico, explorador ganancioso de escravos, hábil negociador no mercado negro, um jogador, um playboy, alcoólico, e um mulherengo do pior. Um ser aparentemente desprezível que acabou por despender até ao seu último cêntimo, arriscando a sua própria vida para salvar 1200 judeus do Holocausto, durante a 2ª Guerra Mundial.

Esta obra, filmada em preto-e-branco, permite criar um efeito sombrio e ajuda-nos ambientarmo-nos à história retratada, somos conduzidos ao quotidiano de inúmeros judeus, quotidiano esse que demonstra claramente como a guerra faz emergir o que há de pior nas pessoas, e de como um homem se pode destacar pela diferença, num mundo de iguais, apenas por agir de acordo com a sua própria consciência, como o próprio Shindler (Liam Neeson) diz no filme: “só porque se tem o poder para matar não é razão para matar, o verdadeiro poder está em ter todas as justificações para matar e não o fazermos”.
Shindler que inicialmente se fazia usar da gratidão que demonstrava para com os seus “escravos judeus” como forma de os fazer sentir gratos de volta, e com o objectivo último de maximização da produção e lucros da sua fábrica; com o passar do tempo e com a aproximação do plano Nazi conhecido como “Solução Final” transformou-se em respeito e numa procura de justiça. Shindler conviveu de perto com o terror provocado pelos nazis e começou a encarar os judeus não só como trabalhadoras baratos, mas também como pais, mães e crianças expostas à horrível carnificina do projecto nazi de eliminação total dos judeus. Surge então a lista, que Itzhak Stern (Ben Kingsley) descreve no filme como: “o bem em absoluto”, ela “é vida”. E o seu autor tinha plena consciência disso.
Em Maio de 1945, com o fim do “Império Nazi”, Shindler manifesta um sentimento de angústia e impotência, quando afirma arrependimento por mais vidas não terem sido salvas. Fica a gratidão de todos os que por sua causa escaparam a Auschwitz, que prometeram contar a sua história, e a ideia de que “aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro”.
No inicio dos anos 60, Oscar Shindler foi homenageado em Israel, declarado “Righteous” (Homem Justo), e convidado a plantar uma árvore na Avenida dos Justos, que ainda hoje cresce. Hoje há mais de 6000 descendentes dos “judeus de Shindler” a viver nos EUA, na Europa e em Israel.

(Recentemente a referida “Lista de Shindler”, que muitos chamam de “pedaço de historia” foi descoberta numa biblioteca em Sidney (já tendo sido parte desta anteriormente encontrada em Estugarda). O documento estava no meio de vários papéis do escritor Thomas Keneally. A BBC conta que o escritor recebeu o documento há quase 30 anos numa loja de Los Angeles por uma das pessoas salvas por Schindler: Leopold Pfefferberg, o número 173 da lista, que pediu a Keneally que escrevesse a história).

3 comentários:

Filipe Ramos disse...

São seres humanos como esse que fazem a diferença. Podia fechar os olhos e tapar os ouvidos. Deixar passar o pesadelo, e depois tentar seguir com a sua vida. Mas não, preferiu arriscar-se pelo próximo. e conseguiu salvar algumas vidas da morte certa (e horrível)! Um tipo porreiro =)

Jorge disse...

É de facto um excelente filme que toda a gente deveria ver, mas mais importante é o modo como retrata o holocausto.É muito impressionante e é impossivel alguém ficar indiferente. Destaco a menina de vestido vermelho,que, com o desenrolar do filme, nos deixa com uma lágrima no olho.

Jorge disse...

já agora deixo aqui um convite para assistirem ao `The Reader´. Excelente filme também com uma história marcante e desempenhos suberbos