quinta-feira, janeiro 10, 2013

Street Fight

As regras na rua são outras...


Entrevista extraída do livro «Dead Or Alive» de Geoff Thompson (pag. 196-199, tradução livre):

«Nev e Steve estão nos seus vinte e poucos anos e fazem parte de um gangue infame de Coventry. Alguns dos detalhes foram alterados, a pedido deles, para proteger a sua identidade. Eles não estão reabilitados e ainda estão a monte.

Entrevistador: Por que é que lutas com pessoas, Steve?
Steve: Eu gosto de uma briga. Especialmente ao fim de semana, depois de sair do pub.
Nev: [risos] ou no pub.

Ent: Podes dar-ma um exemplo de um incidente?
Steve: Sim, estávamos a apanhar uma prostituta depois do pub, éramos cerca de seis, quando vimos um homem com a sua mulher. Ela era bastante boa, então eu gritei, 'Põe as tuas mamas para fora. [risos]. Nós todos começámos a rir. Mas o gajo que ia com ela não ficou muito contente. Eu acho que ele ia dizer alguma coisa, mas a mulher puxou-o para longe. Eu sabia que ele estava a ficar nervoso, então pensei em irritá-lo mais um pouco. Podia deixar as coisas por ali, mas os rapazes estavam a espicaçar-me. Então gritei 'Covarde de merda, a tua mulher luta todas as tuas batalhas, não é?' Isso atingiu-o e ele gritou 'Qual é o teu problema?' Eu podia ver que ele não queria realmente lutar, só não queria parecer um idiota na frente da patroa, montes de gajos são assim. De qualquer forma, todos nós corremos para ele, a mulher estava a tentar puxá-lo para longe, mas ele não deixou. Nós todos cercámo-los e eu disse,'Queres porrada, então?' Ele tentou-me dizer que eu não devia falar com uma mulher assim, e eu disse,'Que é que interessa, ela é apenas uma escória de merda.' Ele começou a ficar com raiva de novo, então eu gritei: 'VAMOS LÁ ENTÃO. VAMOS A ISSO! VAMOS!' Por essa altura eu estava com a minha cara encostada à dele, ele parecia que se ia borrar todo, então gritei-lhe bem na cara, 'ANDA! ANDA, VAMOS LÁ, seu merdas! E mandei-lhe uma cabeçada. Conforme ele caiu no chão, nós fomos todos em cima dele. A gaja tentou impedir-nos mas um dos rapazes deu-lhe também na cara. Vaca estúpida. Eu disse-lhe 'Sai-me da frente, saco de bosta.' Então chutámos o gajo até lhe saltarem as peças. Paneleiro. Mereceu tudo o que recebeu.

Ent: Por que é que o escolheste como vítima?
Nev: Ele estava lá, cheio de confiança.
Steve: E também estava a olhar para nós, como se fossemos uma merda.

Ent: O que queres dizer?
Nev: Ele devia ter ficado com a boca fechada e nós não o tinha-mos incomodado.

Ent: Tu lutas com toda a gente que passa por ti na rua?
Steve: Não, não com todos, nós temos de estar de bom humor.

Ent: Queres dizer que tens de ter bebido?
Steve: Não, não foi isso que eu disse.

Ent: Mas normalmente bebes primeiro?
Steve: Sim, acho que sim.

Ent: O que é que ele poderia ter feito para evitar o incidente contigo?
Nev: [risos] Viver numa cidade diferente. Não, olha, a sério, ele devia apenas afastar-se e manter a boca fechada, e olhar por ele abaixo.
Steve: Nós estávamos apenas na brincadeira, as pessoas levam tudo muito a sério. Se elas não nos derem conversa, então há grandes hipóteses de nós não lhes passarmos cartão.

Ent: O que é que tu farias se alguém insultasse a tua namorada?
Steve & Nev: Ninguém se atrevia, eles sabem o que ia acontecer.

Ent: Então, vocês são apenas rufias?
Steve & Nev: [ofendidos] De modo algum, nós lutámos com qualquer um, nós não intimidámos. Olha, se tu vives em Wood End, então é apenas assim que as coisas são, se alguém grita contigo ou com a tua senhora, tu não dizes nada de volta, a menos que estejas preparado para o que vem a seguir. Ele não estava, então levou algumas. Fim de história! É assim. Nesta terra é assim. Se ele não se queria arrepender devia ter engolido e recuado.

Ent: Conta-me sobre outro incidente, Steve.
Nev: Conta-lhe sobre o gajo que mandaste para o hospital. O que estava a olhar para ti.
Steve: Ah, sim. O idiota. Eu estava a cuidar da minha vida no bar e este tipo grande estava a olhar fixamente para mim, eu já estava de mau humor, porque o dinheiro do subsídio tinha acabado. Eu olhei para ele e disse 'Estás a olhar para onde, saco de vómito?' Ele disse que não estava a olhar para mim, mas de forma agressiva, então eu caminhei até ele e perguntei-lhe novamente para onde estava a olhar. Ele praguejou e disse que não estava a olhar, apenas pensou que me conhecia de algum lado. Eu disse que se ele queria porrada íamos até lá fora. Quando ele se ia a levantar, eu enfiei-lhe o meu copo pela cara dentro. Ele apagou logo.
Nev: [obviamente impressionado] Ele esteve montes de tempo no hospital.
Steve: A culpa é dele, não se devia ter armado.

Ent: Ouvi dizer que esfaqueaste um tipo no mesmo bar, Steve.
Steve: Ah, sim. Também já ouviste a história? Esse foi o barman. Ele acusou-me à polícia por causa do ataque com o copo, por isso também tinha de ter a parte dele. Eu ouvi dizer que ele sabia artes marciais, por isso não corri riscos. Eu entrei no bar no início da manhã, enquanto estava tudo tranquilo, e com poucas testemunhas. Quando ele me viu disse que eu estava proibido de entrar, mas eu disse: 'Meu, eu não quero problemas contigo, eu sei que sabes lutar, eu só quero dizer-te que não há ressentimentos da minha parte, vamos dar um aperto de mão.' E o camelo caiu. No instante em que ele agarrou a minha mão direita, eu puxei-o com força e esfaqueei-o mesmo nos rins. Ele caiu como um saco de merda. Mandei-lhe uns biqueiros e fui-me embora.

Ent: Por que achas que ele caiu na cantiga?
Steve: Não sabia como as coisas são. A maioria destes combatentes treinados são todos iguais. Só sabem bater em sacos. [ambos riem]

Ent: Se tu és um lutador tão bom, por que não fizeste uma luta justa com ele?
Steve: Foi uma luta justa. De onde viemos, aquilo era uma luta justa. Só porque não seguimos as regras de Queensberry  não quer dizer que não tenha sido justo. Tu percebes o que estou a dizer. A única pessoa culpada foi o idiota que eu esfaqueei, ele deveria saber as regras. Quer dizer, o que diabo é ele faz em Wood End se não sabe as regras. Talvez agora ele as aprenda.

Eu: Como escondeste a faca?
Steve: Eu meti-a na palma da minha mão e segurei-a contra a minha perna assim [demonstra]. De qualquer maneira ele ficou tão contente quando eu disse que não queria lutar, que não estava à procura de nenhuma arma. Todos eles caem.

Ent: Já tinhas feito isso antes?
Steve: Sim. Um monte de vezes. Nem sempre com uma faca, às vezes com um copo ou uma garrafa. Todos pensam nas regras de Queensberry. Que se lixe Queensberry, já está morto há cerca de cem anos. Eu não sigo as regras, eu só faço o que funciona. [ambos riem novamente]

Ent: O que farias contra alguém como você?
Steve & Nev: [rindo] Fugia.
Steve: A principal coisa é que eu não iria deixá-lo chegar perto de mim, ninguém chega perto de mim. E não acredito em nada do que me dizem, especialmente se dizem que não querem lutar. Se eles dizem que não querem problemas e se afastam, tudo bem, mas se eles dizem que não querem problemas e tentar chegar-se mais perto, então vai haver problemas. Especialmente os que tentam tocar-te, tu sabes, colocar o braço à tua volta como se fossem teus camaradas. Esses são os piores. Ah, e nunca dar apertos de mão a nenhum deles. É o truque mais velho do livro, mas caem todos nele. O Ben faz isso [falando para o Nev], dá-lhes um aperto de mãos e manda-lhes uma cabeçada. Não confies em ninguém.

Ent: Obrigado pelo vosso tempo.»

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